Reflexões sobre construção de repertório, para alimentar a criatividade.
O repertório que alimenta a criatividade - Reflexões sobre construção de repertório, para alimentar a criatividade.
Criar conteúdo com frequência é bem desgastante. A escolha da pauta é sempre um desafio: O que falar que já não falaram? Que abordagem trazer para algo já tão comentado?
Consultamos, então, o baú de ideias, até que algo minimamente interessante apareça e possa ser desenvolvido a tempo da próxima postagem. O problema é que às vezes parece que esse baú está vazio, ou que nada é bom o suficiente, nada se encaixa…
E agora?
Em segundos estamos minados de insegurança, achando que criar conteúdo não é pra gente e sim para pessoas mais criativas e interessantes. #quemnunca. Acontece que criatividade não é dom, é transpiração no esforço de concatenar várias informações.
O chamado repertório, formado por tudo aquilo que tivemos contato ao longo da vida.
O lugar e as pessoas que convivemos, o que lemos, vemos, ouvimos, sentimos, enfim, fica tudo salvo em algum lugar da nossa memória — e inconsciente — e pode ser resgatado para dar um toque pessoal a algum conteúdo. Importa então saber observar, anotar, focar pra ficar gravado.
Como uma árvore na floresta capaz de se alimentar pela rede subterrânea de raízes que a conecta com suas vizinhas-árvores. Podemos através da presença e observação nos nutrir de ambientes, relações, paisagens, caminhos que instigam e despertam novas ideias.
Há também a busca ativa por repertório, quando vamos tratar de um tema novo. Nesse caso, a fórmula ideal seria: tempo + variedade de fontes, coisas que nem sempre estão disponíveis — pelo menos não ao mesmo tempo. Um bom planejamento pode ajudar nesse sentido, permitindo a antecipação das pautas, o que dá mais fôlego para uma pesquisa mais ampla.
Amplitude útil para irmos além das referências “autoridades no assunto” — que muita gente já usou, analisou —, avançando para outras perspectivas do mesmo assunto, por outras fontes. Tentando encontrar um equilíbrio entre cânones e novas ideias para apresentar, pela diversidade de opiniões, a complexidade do assunto.
Falando em diversidade, lembre-se que essa não é só uma palavra bonita pra constar na pauta, mas para estar nas referências, em quem é entrevistado ou consultado para o conteúdo. Se for falar de racismo, ouça pessoas negras, se for falar de mulheres, ouça mulheres, e por aí vai.
Bom, tudo muito bonito, mas e, na prática? Não temos tempo, nem disposição, para pesquisar a fundo sobre tudo ou estar atento a uma variedade significativa de conteúdos para enriquecer satisfatoriamente nosso repertório — ou aquele baú de ideias.
E sim, quanto a isso não há mágica. Nos resta apenas aceitar essa realidade e focar no que é possível.
Normalmente escolhemos sobre o que queremos nos aprofundar, baseado em nossos gostos e interesses, ou temas relacionados ao nosso trabalho (clientes, demandas diversas que chegam). Afinal, é preciso sobreviver.
O ponto é que esse comportamento nos mantém dentro de algumas bolhas e — graças a ajuda não solicitada dos algoritmos — permanecemos nela pelo máximo de tempo possível.
Por isso, busco sempre alternativas para variar minhas referências. Compartilho aqui 3 delas:
Não desmereça seus gostos e interesses, não relacionados diretamente ao trabalho. É comum que nossos passatempos e curiosidades mais “inúteis” sejam deixadas de lado quando o objetivo é acumular repertório para a produção de conteúdo. Quando, na verdade, é desse interesse despretensioso que pode vir uma ideia, ou um toque pessoal para aquele conteúdo padrão.
Por mais difícil que possa ser, de vez em quando, ouça a opinião de alguém que você não concorda ou pesquise sobre um tema que você é contra. Conhecer um olhar totalmente diferente, e às vezes, quem sabe, absurdo, expandirá sua visão sobre o tema ao considerar todos os lados possíveis.
Se desfaça de preconceitos com conteúdos considerados populares demais. Vivemos em um país em que, ainda, a maior fonte de informação e cultura vem da televisão e do rádio (sim, nem todo brasileiro tem internet e muitos dos que tem, não é para o uso em livre demanda. Já se deu conta que não dá pra assistir a um filme, uma aula ou ouvir podcasts só com o plano de dados do celular? Pois é). Então, saber qual o tema da nova novela ou o que tem sido notícia nos programas de canais abertos, ajuda na compreensão dos interesses e pautas da nossa sociedade.
E vale lembrar que consciência social é fundamental para sermos responsáveis na hora de produzir conteúdo, mesmo que ele seja mais nichado.
Pra fechar, deixo uma pequena contribuição com dicas de últimas coisas que vi, li, e ouvi:
Vi: Documentário: Amor e Música — Fito Páez (El amor después del amor), Netflix.
Com roteiro baseado nas memórias do cantor e compositor argentino, o filme narra a vida do cantor desde a infância até a turnê do seu álbum de maior sucesso: El amor después del amor, que comemorou 30 anos do lançamento em 2022. Fito teve uma infância cercada pela música, amor e afeto, mas na fase adulta sai dos trilhos por conta de drogas, violência e traumas. Reencontrando-se por meio da sua arte, sua música e um novo amor.
Li: Livro: A Revolução das Plantas, um novo modelo para o futuro, do escritor Stefano Mancuso, publicado pela Editora UBU.
O que podemos aprender com as plantas? Muito mais coisas do que imaginamos, leia a resenha do livro aqui e se entregue a um novo universo de aprendizados.
Ouvi: Podcast: O Corre delas, com Luanda Vieira, no Spotfy, produção Obvious.
O podcast fala sobre trajetória profissional de mulheres, sem romantização, com os altos e baixos que toda carreir tem, sempre com convidadas inspiradoras.
O repertório que alimenta a criatividade
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Sigo tentando liberar um texto novo todo mês. Se quiser, envie sugestões de pautas para os próximos meses.
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